Desde há muito tempo que o município de Sobral de Monte Agraço tem a vontade de criar uma peça de arte que se tornasse numa merecida homenagem às Linhas de Torres e ao esforço heroico de militares e povo na defesa da independência de Portugal, durante a terceira Invasão Francesa.
O desafio foi lançado ao escultor Rogério Timóteo que criou um conjunto escultórico composto por 152 pilares, que representam o total de fortes e redutos que integraram a estrutura defensiva a norte de Lisboa, erguida para defender a capital do ataque das tropas de Napoleão, em 1810. Segundo o autor da peça “suspensos em alguns pilares estão fragmentos de um metal décor diferente que, observados de determinados ângulos, permitem visualizar a silhueta de um soldado de infantaria e de um canhão”. O escultor refere também que estando implantado no centro de uma rotunda, o conjunto escultórico tem as características necessárias para não prejudicar a visão dos automobilistas, uma vez que a configuração da peça permite que, em qualquer local da via, se consiga ver o outro lado da rotunda. “É nesta dualidade de observação pelos automobilistas que se desenvolve a dinâmica da peça com a sua ausência-presença, criando um aparente movimento com capacidade de constantemente renovar o olhar do observador”.
Nas palavras do senhor presidente da Câmara Municipal de Sobral de Monte Agraço, e presidente da Rota Histórica das Linhas de Torres, a escultura foi instalada na rotunda, à saída da autoestrada n.º 8, junto à localidade de Sapataria, por ter sido este um local-chave durante a ocupação da primeira linha defensiva. Nesta zona do terreno, protegida pela retaguarda do Forte do Alqueidão – principal posto de comando das Linhas de Torres – o Comandante Supremo do Exército Aliado, Arthur Wellesley (Duque de Wellington) fixou o seu quartel-general na Quinta dos Freixos, em Pêro Negro, e William Beresford – Comandante do Exército Português – instalou seu quartel-general em Casal Cochim, muito próximo da rotunda onde se encontra a escultura. O local escolhido representa, assim, simbolicamente a estratégia defensiva pensada para as Linhas de Torres que se desenvolveu, aprofundou e reajustou neste espaço onde, outrora, coexistiu o Estado-maior do comando inglês, a paredes-meias com o Fortes do Alqueidão e a Serra do Socorro.
O senhor presidente acrescenta, ainda, que “o trabalho notável realizado pelo escultor Rogério Timóteo tem, pela sua abordagem ao tema, uma forte componente criativa contemporânea, que contribuirá para a promoção de um património cultural que tanto nos identifica e nos orgulha – As Linhas de Torres”.
A partir daqui o visitante pode partir à descoberta de paisagens arrebatadoras, só possíveis avistar do cimo dos Fortes das Linhas de Torres. Sugerimos que inicie a sua viagem no Centro de Interpretação das Linhas de Torres, em Sobral de Monte Agraço, e de lá parta para conhecer os Fortes do Circuito de Visita do Alqueidão, passando pela Igreja de Santo Quintino – Monumento Nacional – localizada numa área de terreno protegido pelas tropas aliadas, como posição avançada de observação.