Ao início da noite de sábado, 19 de outubro, movimentações inusitadas desassossegavam a Praça do Município de Sobral de Monte Agraço. De um lado, apoiado por artilharia e um grande número de populares precariamente armados, o exército anglo-português tomava posição. Do outro, tropas francesas gritavam “Vive l’Empereur” e carregavam com entusiasmo os seus mosquetes. De uma janela alta da sede do município, uma corajosa campesina narrava os acontecimentos.
Acomodada num dos lados da praça, a multidão sustinha a respiração e armava-se com os seus smartphones, preparando-se para reviver um dos episódios mais marcantes da defesa das Linhas. O primeiro sinal de comoção surgiu quando destemidos populares capturaram um soldado invasor, de imediato sujeito a termo de identidade e residência. Depois, iluminados por uma lua cheia decerto contratada para o efeito, tiveram início os combates.
Sobressaltando-se a cada tiro de canhão e entusiasmando-se com as descargas de mosquete, a assistência acompanhava atentamente todos os movimentos marciais. Seguiram-se um combate corpo-a-corpo, um duelo entre os dois galantes comandantes das forças beligerantes e um assalto ao edifício da Câmara Municipal. A investida francesa à sede do poder local culminou no infame hastear de uma bandeira tricolor, assistindo a população em espanto ao defenestrar de muitos papéis e… mobília. Em Sobral de Monte Agraço, as recriações históricas são levadas muito a sério.
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